quinta-feira, 29 de maio de 2008

Deturpações

“Os meus amigos todos estão procurando emprego” diz a letra composta na década de oitenta por Renato Russo. E, quase trinta anos depois, os meus também estão. Ninguém lhes perguntou se eles gostariam de fazer poesia ou ter um emprego. Mas trabalhar deixou de ser um meio ou uma causa, passou a ser conseqüência de existir.

Seria possível então, enquanto vivermos sob a doutrina do capitalismo, desaparecer o trabalho? A tendência mais provável, é que sofra mutações, até perder totalmente o sentido. E então, como alguns prevêem, todas as funções serão, de fato, realizadas por máquinas automáticas: os homens.

Ora, estaremos então, 120 anos após a abolição, condenados a nos tornar escravos de nós mesmos seguindo uma receita que não tem dado certo? Ou devemos experimentar seguir o exemplo de Michelangelo e investir o nosso tempo, o nosso trabalho, em algo que nos faça sentir realizado mesmo que seja um grande bloco de mármore?

2 comentários:

Lenita disse...

Sim investir no que nos realiza sim!!
Legal seu blog!!! vou visitar de vez em quando!! bjos

Fernanda Francoh disse...

Concordo muitíssimo com isso. Para mim, faz sentido pensar que na vida o que importa é o que realizamos para sermos pessoas melhores, para nos preenchermos de coisas que signifiquem (sobretudo pra nós mesmos) e tb para que possamos conseqüentemente fazer do mundo um lugar mais nutritivo.

O tempo deve existir a favor do verdadeiro "existir no mundo", portanto ele é muito mais subjetivo e relativo do que indicam as horas criadas pelo homem soberano e idiota.

O trabalho, penso eu, é também uma conseqüência do movimento que faz o homem existindo dentro de sua verdade.

Como diz a música "Esquadros": as crianças correm para onde?

Parabéns pelo texto!

Gde beijo!